O discurso acadêmico contemporâneo em torno do processo ensino-aprendizagem poderia ser resumido em uma palavra: re-significação. Re-significar conceitos, sujeitos, caminhos e posturas. Nesse processo, são revistos os papéis do professor, do aluno, do material didático e da escola, bem como de todo o processo da educação escolar, sempre visando a tornar-se coerente com a realidade sócio-cultural de nosso tempo. E, nesse quadro de re-significações, um novo conceito de pesquisa escolar se faz imprescindível.
A sociedade contemporânea tem testemunhado o surgimento de mecanismos de produção e difusão de informação e do conhecimento que extrapolam o ambiente de sala de aula e as páginas dos livros didáticos. Não obstante, a escola ainda se mostra avessa a essa realidade e se tem colocado à margem das inovações tecnológicas, entre as quais a informática e a Internet, não as assumindo como recurso pedagógico de um novo tempo. Dessa forma, o giz (que tem sofrido interessante substituição pelo marcador de quadro magnético) e o livro didático ainda constituem o único suporte pedagógico adotado por professores que muitas dificuldades têm mostrado em integrar essa tecnologia às suas práticas docentes.
Na contra mão dessa constatação, verifica-se com freqüência o uso da orientação de trabalhos em que impera, no discurso docente, a frase “pesquise na Internet...”. Trabalhos escolares que seguem essa orientação, entretanto, resultam quase sempre em uma constante de cópias, originadas pelo uso do método “Ctrl+C → Ctrl+V”. Isso porque o professor não tem definido um posicionamento crítico e adequado ante a pesquisa na Internet. Esta precisa ser encarada como um fenômeno de libertação do processo de transmissão do conhecimento, um fenômeno em que o aluno é tomado como sujeito que constrói, orientado pelo professor, esse mesmo conhecimento e que é capaz de selecionar entre a diversidade de informação aquelas que irão constituir seu rol de conhecimento. A pesquisa precisa ser orientada e supervisionada pelo professor, para que não resulte em cópias na íntegra de textos alheios.
Uma sugestão é a “pesquisa dirigida”, que tenho aplicado em minhas turmas da Escola Estadual Dona Helena Guilhon. Trata-se de não apenas solicitar a pesquisa de uma temática de forma genérica, mas de orientar por meio de questionário pré-elaborado a seqüência de informações acerca dela que o aluno deve apresentar no trabalho escrito. Além disso, é preciso que o professor torne a pesquisa uma atividade significativa cujo resultado implique uma tarefa de apresentação e análise. Atribuir uma nota ao trabalho escrito e devolvê-lo ao aluno é fadar a atividade de pesquisa na Internet à condição de mais uma atividade desprovida de significação e que nada contribui para o desenvolvimento do escolar do aluno.Não basta, pois, criar laboratórios de informática, é preciso que o professor se aproprie adequadamente da tecnologia que eles lhe oferecem e assumam um posicionamento mais crítico, eficiente e menos passivo da atividade de pesquisa na Internet. Qualquer outra postura diante dessa atividade configurar-se-á não só como uma incoerência teórico-metodológica, mas, sobretudo, uma incoerência no contexto temporal
Prof. Wlademir Filho.
2 comentários:
A dialética ter (dispor) e poder (ser capaz) ainda persiste na realidade educacional, em que pese possa o professor utilizar dos mais variados meios para "apimentar" a sua metodologia. Nas mãos de alguns o computador, a internet e outras tecnologias continuam sendo um pedaço de giz.
Profundo.
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