Segundo a Lei nº 9.394, o ensino deveria ser ministrado com a idéia de valorização do profissional da educação e da experiência extra-escolar, além de garantir um padrão de qualidade. Não é preciso ser um especialista em educação, contudo, para constatar que, na maioria das escolas, não é essa a realidade. É inegável que muita coisa melhorou nos últimos anos, mas para se chegar a um nível ideal, é preciso evoluir ainda mais.
AGRAVANTES
A doutora em Psicologia da Educação Ivany Pinto diz que o descaso com o ensino é comum em todo o País e, assim como em outros Estados, no Pará não é diferente - com o agravante de que o Estado tem maiores dificuldades devido à concentração de profissionais da educação no interior. Para ser professor no Estado é preciso, acima de tudo, ter muita disposição. As distâncias entre os municípios e as dificuldades de implantar cursos de capacitação nessas localidades tornam a situação do profissional da educação ainda mais complicada, segundo Ivany Pinto.
Para piorar, o ensino no interior foi, durante muito tempo, esquecido pelas autoridades. Agora, para recuperar o tempo perdido, é preciso ter muita paciência. 'A movimentação no interior é muito complexa. E, por esse motivo, é difícil encontrar saídas para que esse problema seja solucionado. O interior tem uma realidade totalmente diferente da capital e eu, como pesquisadora, penso que, mesmo que essa situação mude, quando o assunto é educação sempre vai faltar alguma coisa', diz a especialista.
CONHECIMENTO
A LDB também prevê que os professores deveriam ter um período reservado aos estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga horário de trabalho. Segundo Ivany Pinto, são raras as escolas que cumprem essa determinação, que é conhecida como 'hora pedagógica'. Mesmo tendo uma importância fundamental para o desenvolvimento do aprendizado, ela é simplesmente ignorada por algumas instituições de ensino.
'Existem escolas que não oferecem estímulo algum para que o aluno e o professor sintam vontade de frequentar o ambiente de ensino. Os gestores das instituições se fecham dentro das quatro paredes da sala de aula e não se preocupam em aplicar o conhecimento adquirido durante o horário de estudo para fora da escola. E isso acontece, principalmente, porque os professores não têm tempo para se aperfeiçoar', informa.
Professor prefere a rede particular
A igualdade de condições para o acesso e permanência na escola é algo que já é tratado como piada. Mesmo sendo um dos principais pontos abordados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), o descrédito se tornou algo tão sério que até mesmo os professores da rede pública matriculam seus filhos em instituições particulares. As vagas nas escolas bem equipadas e com ensino de qualidade são limitadas e disputadas a tapa. Por causa disso, no final das contas, muita gente acaba ficando de fora.
Segundo a doutora em Psicologia da Educhttp://www.orm.com.br/ação Ivany Pinto, porém, o problema não está só na administração do governo do Estado e das prefeituras. Tudo depende de quem vai ser o gestor do colégio. 'Existem escolas com condições mínimas que funcionam muito bem. É preciso que haja vontade de fazer acontecer', ressalta.
COMUNIDADE
A articulação das escolas com a família e a comunidade também é um sonho que parece muito distante de ser realizado. Além disso, a valorização do vínculo entre escola, trabalho e práticas sociais é algo totalmente utópico. Os alunos só aplicam o que aprenderam em sala de aula nos dias de prova e não se dão conta de que existe um mundo enorme lá fora. Ivany Pinto explica que projetos como o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), do governo federal, deveriam ser mais valorizados.
São iniciativas que ajudam o jovem a desenvolver habilidades e que podem lhe servir, futuramente, como uma fonte de renda. É um estímulo para que ele continue frequentando a escola. 'O desenvolvimento de atividades remuneradas é fundamental. Um jovem sem dinheiro, que não sabe como aplicá-lo, acaba entrando em um campo de risco', diz Ivany Pinto.
Pouca gente sabe, mas o transporte escolar dos alunos é de responsabilidade do governo do Estado e da prefeitura. Esse é um dos pontos mais importantes da LDB, segundo Ivany Pinto, porque ele é um dos principais causadores de evasão nas escolas. Para ela, não basta construir uma escola se os governantes não dão condições de o aluno chegar até ela. 'Às vezes, o aluno não tem dinheiro para pegar um ônibus ou tem que andar quilômetros a pé. Com isso, a probabilidade de ele desistir de frequentar a escola se torna ainda maior', explica. (T. A.
TAINÁ AIRES
matéria do endereço http://www.orm.com.br/
enviado pelo professor Nuno.(Helena Guilhon)
5 comentários:
muito bem elaborado. Na verdae é isto mesmo que acontece com o ensino e a escola brasileira.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, é sem dúvida uma legislação educacional muito bem elaborada, mas o pior de tudo é que na prática continua os velhos vícios de governantes estaduais e municipais que que a ignoram. Nos mais diveros rincões deste país, ainda existem escolas sem energia, sem água, sem professores e muitas crianças sem estudar, porque lhes faltam o transporte.Outro ponto importante é valorizar o profissional da educação, pois sem o devido valor que lhe é devido, faltam-lhes estímulo e motivação para ensinar com qualidade aos seus alunos.
caro professor se e utopia , e ate concordo , quais realmente seriam os avanços trazidos pela aprovaçao da LDB ? pois na verdade o que se ve e o desencontro de imformaçoes e atos nao so do governo, gestores como de varios proficionais da area .
Muito obrigado, o artigo foi de grande valia para uma pesquisa que estou fazendo.
Concordo plenamente com oo relato feito no seu artigo, a educação brasileira precisa avançar muito em relação aos acontecidos na atualidade. É preciso que o governo abra um legue de cumprimento das leis para que saiam do papel e passe a ser realidade.
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