30 dezembro, 2009

A fala da linguagem culta nas escolas.. parte 2, "Papéis do filósofo e do discípulo".

De fato, existe uma determinada linguagem para cada ocasião, isso é incontestável. Não falaremos inapropriadamente uma linguagem incabível em um ambiente, ou com uma pessoa, em que os usos dos termos pareçam inapropriados. Do mesmo modo que falaremos de uma forma com nossos amigos e de outra com nosso professor, e vice-versa,ou diante ao pronunciamento de uma palestra e uma conversa em uma roda de conhecidos. Mas acredito, que a escola como responsável pelo culto da razão, do conhecimento, do aprendizado, da educação e do desenvolvimento humano e social, deveria por obrigação promover essa linguagem culta, afim de um maior desenvolvimento no aprendizado, na adaptação de um aluno com o ambiente formal e na exaltação do conhecimento como um todo, no melhor que ele pode oferecer.

Dou por exemplo um filósofo qualquer. Sabe-se que os filósofos cultuam o conhecimento, e, portanto, o seguem e procuram-no entendê-lo, na raiz da natureza de sua ciência. Digo isso em todas as ciências, sejam as ciências dos cálculos, da física, da medicina, da linguagem, dos astros e etc... Toda e qualquer forma de conhecimento é bem vinda. O filosofo, como peregrino do saber, se forma diante suas experiências, se desenvolve e amadurece com o conhecimento obtido delas. Por via das experiências e do proveito delas, com o passar do tempo, o filosofo conhece a forma mais elevada do saber, já que dedicou sua vida a ciência do conhecimento como um todo. Depois de ter vivido grande parte de sua vida e de ter obtido um conhecimento profundo sobre todas as coisas, afim de não permitir o desaparecimento desse conhecimento por motivo de seu falecimento, ele procura passar tudo o que aprendeu a um jovem pupilo. Todas as experiências obtidas durante sua vida serão transmitidas a esse jovem que a partir de agora continuara a perpetuação de seu trabalho e que futuramente tornar-se-á um próximo filósofo que ao chegar a uma determinada idade formará um próximo pupilo como o fez seu antecessor.

Chegamos agora ao ápice da idéia, vamos tomar como o filósofo a figura da escola, e como o pupilo o aluno.

Sabe-se que o pupilo de um filósofo pode ser qualquer menino das redondezas da região em que habita, e como toda região onde existe uma sociedade, existe a presença do mais variado nível de pessoas. Vamos supor que essas pessoas falem um tipo de linguagem pouco dotado de padrões elevados, falem o básico, o simples e o incorreto, o mais simplório veículo de comunicação miseramente enriquecido, composto apenas do essencial para um entender o que o outro quer falar. Como disse, o pupilo vive nesse meio, e está sujeito a seguir o mesmo padrão lingüístico dessa região.

Vamos tomar por a sociedade da região em que se encontra o pupilo do menino, a sociedade atual em que vivemos e todos os meios de comunicações que estamos sujeitos (rádio, televisão etc...)

O filósofo como patrono do saber, irá se comunicar com o menino por via da língua mais enriquecida, graciosa, e aflorada possível, pois tem o objetivo de transmitir a esse aluno o mais fino do conhecimento. E se, por um acaso, o pupilo não entender o que o filósofo fala, este o irá ensinar a entender, a ouvir e a falar essa linguagem adaptada ao mais elevado padrão. Certo? Ou o senhor acha que o filósofo vai rebaixar-se a falar a mesma língua que fala os vizinhos que circundam seu pupilo, para que ele compreenda suas palavras? O filósofo certamente tem como objetivo promover seu aluno ao mais avançado saber, e imitando uma sociedade que não segue esses padrões, nunca atingirá esse seu objetivo.

Irá ensinar ao seu pupilo o maior nível do conhecimento e promovê-lo a uma maior inteligência, e não comparar-se a sociedade que é o meio em que o menino se formou.

Concorda? É semelhante ao caso em que nos encontramos, o filósofo teria de ser a escola, já que é o patrono do saber; o pupilo, o aluno, aquele que deveria ser ensinado com o maior nível de aprendizado do filósofo; e a sociedade, o fator que não promove o avanço do pupilo.

Esse exemplo, retrata a idéia de que o nosso filósofo (escola), está se igualando a sociedade no termo lingüístico, e isso apenas para promover a língua rude e simplória que tem o objetivo apenas de um entender o que o outro fala.

Nós somos instrumentos do saber, os professores devem promover o mais alto padrão, para quando crescermos, tornarmo-nos filósofos (patronos do saber) e ensinarmos a nossos pupilos (alunos) o mais alto padrão igualmente. Já somos corrompidos pelo mal uso da linguagem por via da sociedade, como atestei na matéria, a escola deveria agir como antídoto a isso, entretanto, não é isso que o faz. Simplesmente se iguala aquilo que não é o mais alto nível (a linguagem falada pela sociedade que não usa corretamente os termos certos da linguagem padrão).

Promover o aluno ao ápice do conhecimento, sem hesito e sem poupá-lo de qualquer parte dele, deveria ser o objetivo daqueles que são os patronos do saber. Pois tudo é conhecimento. Falar a linguagem correta é conhecimento, e nos poupar dele, é nos poupar de um nível maior que poderíamos chegar, e um filósofo em sã consciência, não desejaria isso para seu pupilo, então por qual razão a escola não pensa da mesma forma?


Douglas Castilho- Aluno 1001.

Um comentário:

**Escola Dona Helena Guilhon** disse...

O aluno Douglas Castilho foi uma das pérolas preciosas encontrada neste blog, assim como as letras do Moisés, e as excelentes matérias da Priscila Ester, Jhonny, Blendison e Wellingtone se não ouvesse blog? quem os veria?
Até uma aluna de Portugal está participando dos debates. Parabéns!

Dados da Escola

Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio do Estado do Pará, localizada em Belém, no Cj. Satélite WE 5, s/n, fone: 3248-0743, temos 2200 alunos, divididos em 3 turnos, e em média 80 professores. Email do blog: donahelenaguilhon@gmail.com / Direção: Edson Motta/ Vice-Direção: Manhã- Eliana Ferreira , Tarde/ Noite- Alice Carvalho.